Adoção: quando contar?

Hoje o texto da Dra. Carla Ribeiro está especial e leva aos pais adotivos ferramentas para dialogar melhor com o filho adotado abordando o dilema da adoção, quando contar.  Aproveite para ver os demais textos da Coluna de Psicologia e lembramos que essa Coluna e’ mensal toda segunda quinta-feira do mês.

adoçãoInicialmente, a ideia da adoção tende a causar reações adversas, medos e dúvidas sobre o contar ou não ao filho que foi adotado, herança genética, o caminho judiciário que pode demorar, quando ele crescer se terá vontade ou não de procurar os pais biológicos, dentro outras inseguranças…

A expectativa da chegada de um filho causa ansiedade, equivalente ao processo de um filho biológico em que há um processo de adaptação ao filho até que ambos – pais e filho(s) – sintam-se pertencentes, envolvidos e vinculados nesta relação.

Quando os pais estão emocionalmente dispostos e preparados para o desafio do exercício da maternidade e paternidade, os sentimentos envolvidos por esta relação tendem ser mais positivos e isso independe do fato do filho ser ou não adotado.

Os pais adotivos também devem se preparar, diante de tantas dúvidas, incertezas, mitos, preconceitos e particularidades, para que este turbilhão de anseios não despertem conflitos pessoais, é indicado um processo psicoterapêutico antes da adoção, com o objetivo de promover maior consciência individual e enquanto casal na escolha – ampliar auto percepção se há disposição e condições emocionais para lidar com as questões da maternidade e paternidade – e clareza, sobre as razões que o casal tem para prosseguir com a adoção. Podem também buscar informações em livros *(“A criança pode suportar todas as verdades” Françoise Dolto – Psicanalista 1908-1988), grupos de apoio a pais adotivos a ainda procurar cursos de recém-nascidos (se for o caso) para se conhecer os primeiros cuidados com o bebê.

No decorrer na vida familiar, além de todas as alegrias e felicidades que um filho vem a proporcionar, os pais adotivos se deparam com a indagação sobre como, quando e quem deve contar que não são os pais biológicos. Atenção, sugiro que esta questão deva ser pensada antes mesmo da adoção, pois esta definição contribuirá para minimizar sentimentos de medos e ansiedade que tal situação oferece.

“Normalmente, quando sou procurada por pais para um processo de psicoterapia e esta questão é trabalhada, a minha postura não é dar opiniões e sim, aplicar técnicas terapêuticas na intenção de que os pais com clareza, busquem suas próprias respostas, de acordo com seus valores e crenças.”

Tornar velada o passado da adoção, omitindo a verdade faz com que os pais percam a credibilidade, caso o(a) filho(a) descubra sobre a adoção, e passa a ter a sensação de que a vida vivida não passou de uma farsa. Fazer com que o(a) filho(a) adotivo(a) saiba da verdade desde cedo, com naturalidade e sinceridade também é uma opção para os pais, que ora contam apenas para a criança e família, e não para outras pessoas. Já outros pais adotivos, optam em contar abertamente para a sociedade.

Cabe ressaltar a alteração no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e que consta na lei de adoção, LEI Nº 12.010, DE 3 DE AGOSTO DE 2009 que “o adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.”

carla

Uma boa oportunidade para tocar no assunto com a criança, durante seu crescimento perguntar como ela nasceu, então os pais aproveitarem para inserir o assunto. Seja qual for a motivo, a adoção surge sempre como uma possibilidade de atender à necessidade afetiva do casal para a expressão de amor na experiência de se tornarem pais e viverem em família com seus filhos, oferecendo ao infante a oportunidade de experimentar o contexto familiar. A adoção é e sempre será um ato de amor. Adoção: quando contar.

 

 

 

carla ribeiro

 


16 Comments on Adoção: quando contar?

  1. Gisele Cirolini
    10/21/2014 at 18:01 (10 years ago)

    Nós temos uma filha, e já pensamos em adotar também. Gostei muito das dicas. Acho muito ruim quando os pais escondem da criança que ela é adotada, parece que estão escondendo algo errado… acho que não importa se é filho de sangue ou de coração, o que importa é o amor.

    Bjs
    Sou Mãe

  2. Adriana
    10/21/2014 at 17:37 (10 years ago)

    Texto bem explicativo. Tenho um sobrinho adotivo e sei bem como este tema é delicado.
    Beijos
    Adri

  3. Aline Motta
    10/21/2014 at 23:20 (10 years ago)

    Eu tenho um sonho de adotar, achei seu post otimo, é delicado, mas acho que não pode esconder!

  4. Prosa Amiga
    10/22/2014 at 02:44 (10 years ago)

    Um assunto muito interessante.
    Porém sempre é uma situação delicada.
    Acho que mesmo sendo pais adotivos, o coração fica apertado ao contar para o filho.
    Porque na verdade os pais tem que encarar uma situação que as vezes nem eles aceitam.
    Bjinhos.
    prosaamiga.blogspot.com.br

  5. Cibele Lima
    10/22/2014 at 10:58 (10 years ago)

    Realmente é difícil para os pais saber como contar isso para o filho, mas é melhor viverem na sinceridade e sabendo do que o filho descobrir e se sentir enganado! bj

  6. Cris
    10/22/2014 at 19:06 (10 years ago)

    Assunto delicado, não é?
    Eu ficaria na dúvida, sinceramente, mas o post está bem esclarecedor… tb não sabia desse direito deles saberem sua origem biológica, ótimo esclarecimento. bjs

  7. Vitoria Aparecida
    10/23/2014 at 18:15 (10 years ago)

    Questão muito dificil aos pais, mais acho que deve contar sim, devem saber da verdadeira história de sua vida, claro que deve ser uma fase muito dificil, mais necessaria também…
    Bjnhos

    mamaenathan.blogspot.com

  8. Cléo Moretti
    10/24/2014 at 10:35 (10 years ago)

    Temos uma aluna adotada na escola, está está com 4 anos e os pais já conversaram conosco sobre como e quando contar pra ela.

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