Preferência Filial

Quem não é filho único já sentiu na pele em algum momento, ser ou não ser o filho preferido. Na pele de pai e mãe, hoje, para você que tem ao menos dois filhos sabe que cada um ocupa de modo muito peculiar um espaço no coração, de um jeito único, mas isso não quer dizer maior ou menor. Não é verdade? Essa sensação de disputa pelo amor dos pais é algo muito comum e próprio da criança, uma verdadeira batata quente acompanhada de muito cuidado e uma boa dose de bom senso por parte dos pais.

 

Desenvolver qualquer tarefa sem alguma interferência do filho(a) é algo raro, com dois ou mais a disputar por atenção, tempo e dedicação, é inevitável. No entanto, é possível e comum amar, zelar e proteger igualmente, mas em circunstâncias da vida é instintivo os pais cuidarem dobrado do mais frágil, ou em circunstâncias especificas (como doença, deficiências e limitações por exemplo) ou do momento (quando um filho empurra o outro, por exemplo). E ressalto que desta forma é o ideal, favoritismo temporário, ou seja, aquele que é compartilhado periodicamente com cada um dos irmãos é saudável.

 

Sim, embora haja raros artigos científicos abordem o assunto, e poucos especialistas admitam, é normal ter uma preferência por um filho à outro por parte dos pais. É humano, é natural e saudável. Esta percepção ocorre em diferentes níveis, seja consciente ou inconsciente. Esta preferência é mutável a medida em que os filhos crescem e passam a desenvolver potenciais e habilidades diversas durante o desenvolvimento de cada um.

 

Para que esta preferência não abale o relacionamento familiar, recomendo que os pais observem e percebam as qualidades de cada filho, e as ressaltem em diferentes situações. Isto irá facilitar e promover a percepção positiva do filho sob si mesmo (formação da identidade), e que, embora tenham comportamentos apontados como incorretos ou feios, eles também têm suas qualidades, evidenciá-las no cotidiano farão com que se sintam percebidos aos olhos dos pais, e que apesar de fazerem suas peraltices e errados se sentirão amados e aceitos. Exercitar esta postura, perceber e expressar em elogios bons comportamentos a cada filho faz toda a diferença para um relacionamento saudável.

 

 

A preferência irá abalar o relacionamento familiar quando o pai, a mãe ou ambos passam a atuar nesta preferência em detrimento ao outro filho. Assumir uma predileção a todo momento é algo que certamente terá cicatrizes psíquicas ao filho renegado. Ressalto que os pais que não conseguem estabelecer um relacionamento saudável e adequado com seus filhos, que seria tratar os desiguais com igualdade, devem procurar ajuda de um profissional, de forma a evitar o sofrimento daqueles que se sentem menos favoritos.

 

Buscar o equilíbrio nas diferenças entre os filhos, logo, os trate diferentes, por que não? Alguns são naturalmente mais seguros de si, lidam melhor com ações e emoções e necessitam de mais autonomia e menos controle; outros mais sensíveis, inseguros de suas emoções e ações precisam de mais continência, estrutura educacional, direcionamento e menos autonomia dos pais. Tratá-los diferentes mediante suas necessidades emocionais e de desenvolvimento e não tratá-las com indiferença mediante as preferências pessoais, reflita, os pais têm grandes responsabilidades em suas mãos.

 

 

 

 

Autora: Carla Ribeiro de Oliveira. Mãe do pequeno, tagarela, esperto e tranquilo Heitor. Compreende esse universo com olhos de mãe, mulher e profissional.

Psicóloga em Santos, formada pela Universidade Católica de Santos em 2006, especialista em Obesidade, Emagrecimento e Saúde pela UNIFESP em 2012. Atua na abordagem Fenomenológica Existencial há 07 anos, realiza atendimento ao público intanto-juvenil e adulto para avaliação psicológica e psicodiagnóstico, orientação familiar, psicoterapia de casal e individual. Psicóloga Clínica – CRP SP 86203

Conheça mais sobre seu trabalho clicando: http://www.psicologacarla.com

 

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